sábado, 15 de maio de 2010

A crente na faculdade - Parte III

A crente gostosa entrou na sala com seu teco de margarina no queixo e sentiu vários olhares sobre si. Olhares normais que ela interpretou como olhares de volúpia. Instantaneamente pensou que estava com a marca de satanás no corpo para atrair tantos olhares. A crente estava crente que foram seus pensamentos libidinosos que fizeram o tinhoso marcá-la para seu rebanho. No dia do arrebatamento, ela estaria ao lado do inominável. Não. Não podia. Sentou-se ao seu lugar e começou a orar em línguas para que fosse salva em nome de Cristo. Repreendeu três vezes toda e qualquer influência mundana de sua vida. Assistiu sua aula clamando, em seu coração, para que fosse tocada, divinamente tocada, e sua marca do pecado removida.
Olhou para o professor. O professor olhou para ela e cutucou o queixo. Ela olhou com cara de interrogação. Ele disse "tem uma coisa em seu queixo". Ela pensou se ele estaria vendo a marca do tranca-rua em sua face lavada de lágrimas como a face de Madalena. Ela pegou seu espelhinho redondo de dentro de sua bolsa de mochilinha e olhou. Era um teco de margarina, não a marca de Lúcifer. Sua alma encontrava-se intacta.
A aula acabou e ela foi embora cantarolando hinos de louvores. O dia estava quente e ela logo começou a suar sob sua cacharrel marrom. Estava tão feliz que pediu um sinal para Deus de algo para fazer durante este dia lindo. Cinco passos à frente ela encontrou um pênis de borracha no tamanho de 30cm jazindo sob um pé de amora, no meio da calçada.
Deus só podia estar testando-a.
Ou Deus ou Satanás.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Crente Gostosa vai à Faculdade II

Chegando à faculdade, tratou de procurar logo a sua sala de aula. Encontrou um mural com o nome e classe correspondente. Localizou rapidamente o seu nome no meio de tantos outros. Subiu as escadas e encontrou sua sala. Ainda estava relativamente vazia, exceto por algums meninas que riam alto no fundo. Ela se sentou na frente. Queria aprender. Tinha sede de aprender. Era o seu momento agora e ela não queria desperdiçar. Estava cedo ainda, não sabia o que fazer. Não queria ficar sozinha, mas também não se sentia à vontade para socializar com as outras meninas. Precisava de alguma coisa para se ocupar até a aula começar. Abriu sua bolsa de couro marrom, ao estilo mochilinha e tratou de procurar seu frasco de creme monange. Estava frio, e seus cotovelos estavam todos ressecados. Pegou um tantinho de creme e passou em seus braços. A sala ficou inundada pelo cheiro de creme monange. As meninas do fundo ao ver aquela cena, riram. A Crente ficou sem graça e guardou o creme na bolsa. Na mesma hora abriu seu fichário do piu piu e se pôs a escrever versículos bíblicos. Orou ao senhor, ali naquela hora. Pediu ao senhor para que guiasse o seu caminho. Pediu para que abençoasse aquele momento, que era seu. Abriu os olhos quase junto com o momento que o professor entrara na sala de aula. E que professor! Pensou a Crente. Enrubesceu e sentiu vergonha por estar sequer pensando em atos libidinosos com o professor. Reprimiu tudo o que sentia e se pôs a orar. Orou novamente com os olhos abertos. Derramou lágrimas de compaixão, se sentia suja. Se sentia como uma prostituta. Uma verdadeira MERETRIZ DA GALILÉIA. Puxa vida, agora que decidira estudar, mudar de vida, arrumar seus cabelos, ser mais vista entrara em tentação. Estava fraca na fé, concluiu. Se sentia humilhada por se encontrar neste estado. Estava chorando na aula. Chorou de tristeza, lágrimas quentes escorriam-lhe pela face. O professor perguntou se havia algo errado. A crente não respondeu e saiu da sala correndo. Foi até o banheiro e secou seu rosto, que a esta altura estava todo molhado. Molhado de fraqueza. Era uma crente fraca. Se Sentou no pátio da faculdade e novamente recebeu a imagem do professor bonitão no seu inconsciente. Um arrepio lhe subiu até a nuca e percebeu que estava exitada sexualmente. Se sentiu envergonhada mais uma vez e chorou novamente. Perguntou a deus o que estava guardado para ela. Perguntou porque estava passando por tantas provações. Mas no fundo ela sabia. Sabia que tudo aquilo era uma peleja travada. Ela pediu pro senhor Jesus, ajudar ela ali naquela hora. Só o que fez. Voltou à sala de aula, assistiu o resto da aula e se manteve compenetrada naquilo que era para ser. Estudar. Batera o sinal do intervalo e todos saíram rapidamente, conversando, rindo alto. A Crente não queria isso. As coisas mundanas já não a atraiam mais, somente as coisas relacionadas à luxúria. Essas sim lhe enchiam os olhos e a boca. O professor pediu para que o ajudasse a juntar uns papéis que estavam no chão. Ele perguntou qual era o nome dela. Crente Gostosa, muito prazer. O professor sorriu e a Crente ficou párada, sem graça. Sentiu seus mamilos se enrijecerem absurdamente por baixo de sua cacharrel marrom e foi qtão constrangedor, que ela precisou cruzar os braços.

Recolheu seu fichário do piu piu, abraçou o, cobrindo o peito e saiu. Sentou novamente no pátio. Sozinha. Abriu a bolsa e tirou seu pão com margarina e comeu com bastante gosto. Não se sentia mais tão humilhada. Sentia que a mão de Deus ia começar a operar em sua vida e aquilo era somente uma provação divina. Aliviou-se. Voltou para a sala de aula com um teco de margarina no queixo. Ninguém a avisou, afinal nem amigos ela tinha.

Crente Gostosa vai à Faculdade

Crente Gostosa decidiu começar a fazer faculdade. Fora despedida da EMEI em que trabalhava, porque fora pega mordendo um pedaço do lanche de uma criança. No dia em que fora ao antigo trabalho buscar a última parcela de dinheiro que receberia e o restinho da dignidade que havia deixado ali, passara em frente a uma faculdade. UNIRADIAL estava oferecendo bolsas de estudo de 80% a todos que se matriculassem naquele dia. Pensando em seu futuro, em seu computador que tanto que possuir, no toca CD de 'ultima geração' que vira num jornalzinho das Casas Bahia...Pensando nisso tudo ela decidiu se matricular e quem sabe ter um futuro decente. Secou as lágrimas, que nesse momeno já dominavam sua face e seguiu rumo à entrada, à porta que deus estava abrindo para ela naquele momento. Fechou os olhos na entrada da faculdade e esperou algum confirmação divina. A porta abriu sozinha. Era uma confirmação de deus, segundo a Crente. Esquecendo que era uma porta de vidro automática com sensores. Entrou, respirou fundo e sacou seus documentos da bolsa marrom de couro, ao estilo mochilinha e entregou na mão da moça de cabelos cacheados do balcão de secretaria. A mulher com a maior má vontade do mundo, entregou-a uma ficha em branco e mandou que a preenchesse e voltasse com ela preenchida. A Crente recolheu o papel da mão da moça de cabelos cacheados e se sentou numa carteira que improvisaram para os novos alunos que iriam matricular-se. Preencheu tudo e se sentiu satisfeita consigo própria. Queria chorar, mas seria humilhação demais. O que diria a seus filhos quando os tivesse? Chorei na UNIRADIAL. Isso não soaria bem. Levantou-se, ajeitou o coque no alto da cabeça, e levantou um pouquinha a saia que estava caindo e foi. Foi rumo ao seu futuro. Rumo à ascenção social. Enriqueceria. Vira muitos casos assim, queria crescer, queria mudar de vida, queria dar uma casa melhor à sua mãe. Entregou a ficha na mão da moça de cabelos cacheados e saiu dali toda cheia de sonhos.

Esperou ansiosamente o primeiro dia de aula na Faculdade UniRadial. Queria ser a mais aplicada das alunas, queria fazer e acontecer ali. O curso que escolhera era Enfermagem. Sempre sonhou em ser enfermeira, salvar vidas para o seu senhor, pregar a palavra para os enfermos e fazer o morto ressucitar, assim como jesus fizera com jeremias ali no leito de morte. Cheia de dignidade, se arrumou para o primeiro dia de aula. Vestiu sua habitual saia jeans até o tornozelo com um barrado todo bordado com flores rosas, sua cacharrel marrom e um coque preso por uma presilha grande de borboleta. Ajeitou os óculos antigos no rosto e foi. Cheia de sonhos e expectativas, carregando seu fichário do piu piu junto ao peito. Levara um pão com margarina dentro da bolsa, caso sentisse fome no intervalo. A Crente estava novamente feliz. Iniciara-se uma nova etapa em sua vida. Finalmente o milagre começara a se concretizar.

domingo, 9 de maio de 2010

A CRENTE GOSTOSA TAMBEM VAI PRA BALADA

Só que a balada dela começa 14h e termina às 19h.
E toca esse tipo de música:



É O MILAGRE DA VIDA.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Crônicas da Crente - O dia que a crente foi julgada do portão.

Era uma tarde ensolarada de verão na década de 90, o AUGE do axé music. O frenesi causado pela música de ritmo baiano era tanto que até a crente gostosa, lá pelos seus 13 anos, deixou-se levar pela malemolência nordestina do requebrado ritmado. A crente foi até a casa de sua vizinha Jéssica conversar essas conversinhas típicas de adolescentes quando Jéssica interrompe a conversa e diz "crente gostosa, você precisa ouvir essa música". Pegou o CD do TCHAKABUM e colocou no seu Philco-Hitashi e logo começou a tocar "EXPLOSÃO TCHAKABUM TOMA CONTA DO VERÃO". Jéssica ficou toda rebolativa e logo pegou a crente gostosa pela mão e disse "imita meus passos". A crente no começo ficou meio encabulada mas quando se deu conta estava em polvorosa¹ descendo até o chão toda se requebrando.

O tio da crente passava pela rua e ouviu aquela música pecaminosa. Olhou diretamente para dentro do portão de Jéssica e viu sua sobrinha sendo corrompida pelo ritmo baiano. Postou-se no portão e começou a esbravejar com tanta ferocidade que mal dava para compreender suas palavras. A crente, lá de dentro, só ouviu um monte de grunhido e os dizeres "SEU NOME PODE ESTAR SENDO RISCADO DO LIVRO DA VIDA NESSE INSTANTE, DEUS ESTAVA VENDO TUDO O QUE ELA FAZIA E QUE ELE NÃO ESTAVA NADA FELIZ COM ISSO". Seu dedo balançava acusadoramente em direção à crente gostosa, a esta altura já com a saia de veludo marrom comprida enrolada na altura da coxa.

Sua alegria foi se esvaindo. A crente agora entrava no profundo desespero cristão de quem havia cometido um pecado moral. Desenrolou a saia e voltou pra casa sob o olhar desaprovador de Deus e de seu tio. Chegou em casa e trancou-se em seu quaro. pegou sua bíblia com capa camuflada e pôs-se a orar fervorosamente enquanto pedia misericórdia pelos seus atos.




¹- Nota da autora: Não sei usar essa expressão direito, mas eu arrisco.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Quando a crente foi se purificar nas águas do litoral - DIA 1

Acordou no dia seguinte decidida a lavar suas lágrimas nas águas salgadas do oceano Atlântico. Pegou sua mala roxa com uma baleia estampada, totalmente suja de reboco da reforma do seu quartinho, colocou dentro uma saia marrom, uma preta e uma jeans, todas até o pé sendo as duas primeiras de veludo, sua blusinha cavada nas costas, uma regata com estampa camuflada escrito "exército de Jesus" e uma branca com detalhes em crochê e um golfinho estampado. Pegou seu maiô preto, um protetor solar (fé em Deus é necessário, mas é bom nunca dar mole para o câncer), vestiu sua sandalinha rasteira, pegou o dinheiro guardado debaixo do colchão Castor e foi para a rodoviária. Comprou uma passagem da Viação Litorânea com destino à São Sebastião e foi decidida comer alguma coisa na deliciosa e super higiênica praça de alimentação da rodoviária.

Dormiu o caminho inteiro da viagem, cerca de 4 horas. Desceu no meio do caminho e se embocou numa vielinha onde ela havia visto os dizeres "POUSADA CRISTÃ DEUS É PAI - AMBIENTE FAMILIAR" e se hospedou por duas noites. Seria o suficiente.

No dia seguinte, acordou cedo, vestiu seu maiô e foi curtir a calmaria da praia. Sentiu-se envolvida pela paz marítima e decidiu entrar no mar. Como uma deusa, mergulhou no oceano. O mar gelado parecia esfriar suas idéias. De repente, sentiu uma necessidade absurda e incontrolável de fazer um desejo, fosse pra Iemanjá, pra Jeová ou para a pequena Sereia. Emergiu, respirou fundo, submergiu e fez seu pedido: "que as coisas fossem boas daquele ponto em diante". Com um sentimento de missão cumprida, emergiu novamente e tentou sair do mar. Eu disse tentou. Quando estava na beira, caminhando altiva e poderosa, absoluta nas areias quentes, uma onda forte a acertou nos joelhos e a fez cair no chão como uma jaca. Rolando como uma salsicha, a crente foi arrastada cerca de 5 metros para frente e logo em seguida 5 metros para dentro do mar. Nadando contra a força da natureza, mal consegui se por em pé e outra onda a atingiu nas costas. Foi arrastada para a orla novamente e por misericórdia divina, conseguiu se arrastar para longe do mar revolto.

Com um ar de derrota, água nos ouvidos, as costas em brasa pelo ralar na areia, voltou para a pousada de ambiente familiar e se atirou na cama. Não se daria por vencida, ainda brilharia no litoral.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

O dia que a crente sofreu à noite

Ela acordou 24 horas depois, estava deitada completamente despida - tanto de roupas como de dignidade - em sua cama branca de ferro. Alguma coisa latejava em sua cabeça, talvez fosse a paulada que tomou na igreja para que desmaiasse e tivesse seu demônio exorcizado. Levantou-se, enrolou-se em seu hobby de veludo marrom (ela adorava vestimentas de veludo marrom), colocou seu hino de louvor preferido para tocar no rádio e clamou pela misericórdia de sua alma. E chorou. Chorou por pena de si, por vergonha de seus atos libidinosos na igreja, por seu crente gostoso ter visto seu estado pecaminoso. Chorou lágrimas de humilhação.
Sentiu um vazio enorme. Um vazio existencial que só poderia ser preenchido por uma coisa: COMIDA.
Foi, em meio à lágrimas sofridas, até a cozinha. Abriu a geladeira e nada alí havia além de uma singela e humilde panela cheia de couve refogada gelada.
Pegou a panela, pegou um garfo, sentou-se no chão junto à pia, encolhida em sua misericórdia, e comeu a couve refogada gelada, tão gelada como sua alma. Entre lágrimas de humilhação e vergonha e garfadas de couve, adormeceu com um único fiapo do vegetal escorregando perante seus lábios que há poucas horas proferia injúrias e ofensas.

quarta-feira, 31 de março de 2010

O dia em que a Crente Gostosa caiu na igreja

No momento em que sentou, sentiu-se tensa. Não sabia o que estava fazendo ali, isso era um asurdo perante a lei de Deus. Aos poucos ela recebia sua consciência cristã de volta. Apesar de tudo, não poderia simplesmente sair dali. Já entrara e agora deveria ir até o fim, mesmo que isso implicasse problemas à sua eterna busca espiritual. Pensando nisso, decidiu ser direta. Pigarreou, tentou dar o maior tom de segurança que conseguiu à sua voz e disse: - Cigana, preciso da sua ajuda! Preciso que amarre um homem. Seu nome é Crente Gostoso, e eis aqui a foto do mesmo. A cigana de cabeça baixa, levantou somente um olho para a direção da garota e a fitou por alguns instantes. Por fim, disse com um certo tom de autoridade na voz: - Vou precisar de algumas coisas além do dinheiro. Pegue um papel e anote cada item que preciso. Quando você voltar esteja com esses elementos em mãos. Virou-se de lado e agarrou uma bolsa que estava numa cadeira de couro branco e tirou uma caneta de lá, agarrou qualquer verso de nota fiscal antiga e anotou atentamente tudo aquilo que a cigana falava. Em letras tremidas era possível ler-se: Uma cueca usada de seu amado, Gotas de sua própria menstruação (caso quisesse ter filhos com esse homem), uma mecha de seu próprio cabelo e outra de seu amado, e por fim uma rosca de coco da padaria da Zefa. A Crente empolgara-se com tudo isso, se sentindo em um filme sobre bruxaria. Ao mesmo tempo lembrou de sua religião e de seu Deus, que a puniria. Mas o que poderia ser mais importante do que o seu Crente Gostoso? Combinou todos os detalhes com a Cigana, sobre a próxima consulta. Entregou-lhe parte do pagamento e saiu rumo ao culto. Sem um pingo de culpa (ainda, olhou seu reflexo através de uma vitrine e gostou do que viu. Se sentia bonita nesse momento e pela primeira vez em anos, ela iria chegar atrasada em algum culto. Se sentiu a fodona por desrespeitar regras. A Crente estava se tornando arrogante. Isso era um mau presságio.

Ao chegar no culto, o pastor fazia uma forte oração. A igreja quase balançava, literalmente falando. Mulheres chorando, homens falando em línguas, senhoras caidas no chão, tamanha a presença de Deus naquele lugar. Quase era possível ver anjos rodando por ali. A Crente recuou alguns instantes, antes de se sentar em seu lugar habitual. Sentiu um tremor interno involuntário. Nunca sentira aquilo antes. Quando se deu conta, sentiu seu rosto torcer-se. Como se alguém pegasse e beliscasse o centro de sua face. Olhou para frente e reparou que alguns irmãos corriam em sua direção, uns seis ou sete. Ouviu a oração mais alto e aterrorizante. Doía. Queimava. Como se uma pessoa com unhas grandes, as passasse em seus órgãos internos. Sentiu alguém colocar as mãos sobre a sua testa. O que se seguiu foi um verdadeiro horror show. A crente arrancara toda a sua roupa e gritava, urrava e xingava todo mundo que estava naquele local. A igreja inteira estendia as mãos para a Crente. Ela estava no chão, a essa altura. Xingava palavrões horríveis e inimagináveis. Chamou a mulher que canatava na igreja de Rampeira. Ao se levantar, ela tratou de correr até o palco, empurrando o pastor para o lado. Estava nua e começou a sacudir os seios, com toda a força que conseguiu. Fez uma dança sensual no palco da igreja evangélica. Do outro lado da igreja, o Crente Gostoso orava fervorosamente. Ela estava sob possessão e precisava urgente de alguma intervenção, antes que a força dos demônios destruíssem o corpo dela. Os pastores, obreiros e membros da igreja não estavam sendo suficientes para conter a obra dos demônios. Decidiram trancá-la na saleta que servia de escola dominical infantil, que estava vazia no momento. Jogaram-na lá dentro. A igreja estava destruída. Membros choravam e não acreditavam naquilo que seus olhos viram. A Crente estava presa numa saleta de igreja sob influência de possessão demoníaca. Justo a Crente. Sempre tão eficiente e boa pessoa, disposta a ajudar todos os irmãos. Alguma coisa errada tinha.

sexta-feira, 26 de março de 2010

A Crente Gostosa e o Plano Mirabolante

Ela chegou ao orgasmo. Sentiu em seu corpo o tremilique do prazer. Imediatamente ela começou a chorar pelo seu pecado. Sentia o fogo do inferno e do pecado queimando suas bochechas. Sentia-se a mais miserável das criaturas quando ela lembrou do seu crente gostoso. Logo a dualidade tomou conta de sua cabeça. Inventou uma história mirabolante para não sentir o peso da culpa masturbatória: se ela se casasse com seu crente gostoso, todos os pecados estariam justificados. E assim ela ficou com essa idéia na mente: casar-se-ia com seu crente gostoso e viveria uma vida de muito sexo... tudo dentro do sagrado matrimônio.
Adormeceu pensando na sua lua-de-mel.
No dia seguinte um domingo, a Crente Gostosa acordou, tomou seu banho, passou seu óleo de amêndoas Paixão Sedução, vestiu aquela saia jeans que ela guardava só para ocasiões especiais, vestiu sua blusinha cavada nas costas e foi para o culto de domingo, convicta que poderia trocar horas de papo juntamente ao Crente Gostoso. Entretanto, no caminho da Igreja, ela passava perto de uma barraca de cigana. Olhou, pensou, pensou de novo, lembrou que magia era armadilha de satanás e por um segundo desistiu da idéia, até se lembrar que depois de seu casamento, toda a sua culpa cairia por terra e ela estaria livre dos fogos do inferno e das trombetas apocalipticas.
Puxou a cortininha amarela já comida pelas traças e adentrou o ambiente. Um cheiro ocre tomava conta do lugar. A cigana perguntou numa voz retumbante: "QUEM ESTÁ AÍ?". Foi o primeiro sinal de que só podia ser uma cilada: se a cigana podia ver o futuro, como não previu que a Crente Gostosa entraria em sua barraca?. A Crente Gostosa ignorou o sinal de trambique e respondeu com a voz tremida de clitóris "cigana, preciso de uma luz". A cigana, cega de um olho, voltou-se para a Crente Gostosa e disse "sente-se, filha. vamos ver o que aflige seu coraçãozinho".
E então começou a consulta espiritual da Crente Gostosa.

segunda-feira, 22 de março de 2010

A Crente Gostosa e o Pecado do Desejo

Era uma terça feira chuvosa. Poucas pessoas preenchiam o espaço das ruas e só podia ouvir-se o barulho da chuva batendo no telhado pobre da igreja, a pregação do pastor já de idade e o anúncio da mulher-da-cocada à porta do lugar. A Crente estava sentada no banco da igreja. Vestia uma saia de veludo marrom até os pés, usava sua surrada sandalinha preta e prendia os cabelos em um coque, pouco acima da nuca, uma tentativa em vão de amenizar o calor que estava, embora estivesse chovendo. O ambiente estava completamente abafado e muitas pessoas prestavam atenção na pregação, algumas olhavam para fora e outros rabiscavam os cantinhos de suas bíblias. A crente era uma das que prestava atenção e abominava qualquer coisa que a forçasse a desviar o olhar do pastor. Uma dessas coisas estava do outro lado da igreja. Estava olhando para ela neste momento e um calor absurdo percorreu toda a extensão de suas costas, fazendo com que uma única gota descesse veloz até o início de sua bunda. Ora essas, a Crente estava excitada em plena igreja. Já não ouvia mais nada do que estaa sendo pregado e mal podia conter-se de empolgação. Afinal ela era a Crente Gostosa, deveria estar acostumada com olhares masculinos. Mas esse era diferente dos outros. Neste momento uma sucessão de hinos se iniciaram. A mulher gorda que cantava em cima do púlpito fazia suas cordas vocais vibrarem com sua voz grave. Ela olhava para a Crente como se soubesse tudo o que ela estava pensando. Será mesmo? pensou a Crente, morta de constrangimento. Desesperada tentou afastar seus pensamentos de qualquer outro que dispersasse-a de louvar ao seu Deus. Isso era uma blasfêmia, e ela decidira aos treze anos de idade nunca mais blasfemar contra o nome de seu Senhor. Fechou os olhos e começou a orar fervorosamente, fingiu falar em línguas e simulou um pequeno transe. O seu alvo ainda a observava do outro lado da igreja. Ela abriu os olhos e ficou alguns instantes encarando-o. Quando estava pronta para desviar o olhar novamente, ele colocou a lingua para fora, discretamente, e abriu os dedos em "V" e ficou olhando para ela. Ela desviou o olhar e continuou com os olhos fechados. Ela estava nauseada de tanto prazer. Queria chegar em casa logo.

Ao término do culto, ela ficou ali parada na frente da igreja, aconselhando uma irmã que estava com problemas no casamento. A irmã não parava de falar e ela queria ir para casa logo. Inventou alguma coisa sobre precisar dormir logo e saiu correndo rumo à sua pequena casa na favela. Sua mãe já estava deitada - havia faltado no culto esta noite. Aproveitou a oportunidade e tirou a saia, já na porta. Entrou no banheiro, olhou-se no espelho e soltou as cabelos, que caiam-lhe lentamente sobre as costas. Segurou-os sobre a cabeça e deixou os cair novamente, repetiu o gesto umas três vezes. Tentava se sentir poderosa. Despiu-se lentamente, enquanto olhava seu rosto através do espelho. Entrou no chuveiro e tomou um banho relaxante que nunca experimentara na vida. Sua vagina estava entumescida de tanto prazer. Queria mais do que tudo nesta terra sentir o corpo daquele homem sobre o seu. O homem da igreja. O Crente Gostoso, como ela. Deitou em sua cama e fechou os olhos, tentando imaginar que cheiro possuía aquele corpo, onde ele estaria com suas mãos agora e essas coisas sem fundamento lógico algum. Ela precisava sentir aquele corpo dentro do dela. E teria de ser rápido. Sem pensar muito em Deus, jogou a bíblia que estava em sua cama para o outro lado do quarto e enfiou dois dedos dentro de sua quente e molhada vagina. Jogou o pescoço para trás e tentou abafar o grito de prazer que insistia em sair daquela boca. Enfiava os dois dedos com força e em seguida os colocava na boca. Pingava suor de seu rosto. Seu cabelo estava ficando molhado e ela estava com as pernas bambas já...

sexta-feira, 19 de março de 2010

A Crente Gostosa

Essa é a história da crente gostosa. Primeiro, vamos apresentá-la. Em primeiro lugar, informo-lhes que seu nome é um mistério. Tal qual o bairro em que mora e a idade. Tudo não passa de suposições. Aqui chamaremos-lhe de "a Crente" - de sobrenome "Gostosa". Supomos também que ela more em algum bairro qualquer da periferia da Zona Sul e frequente alguma "Deus é amor". Ela é sonhadora. Ela tem um bom coração. Ela é altamente assediada pelos rapazes de sua rua. Sempre com suas saias de veludo até o pé, seu reloginho de pulseira prateada, seu sapatinho bege com salto de 5cm, sua blusinha rosa bebê, sua bolsa jeans, seu cabelo de quarenta e cinco centímetros e comprimento e sua bíblia com estampa camuflada com os dizeres "Exército de Jesus". Ela vai à igreja todas as terças, quintas e domingos. Nos momentos em que não está cuidando de crianças na creche em que trabalha, ela está em seu quarto, deitada em sua cama do conjunto Bartira das Casas Bahia, ouvindo louvores em volume alto. Seu quarto, por dizer, é seu segundo santuário, claro depois da igreja em que congrega. Em seu quarto ela brilha, ela é diva, ela é rica e ela é a melhor serva de Deus. com seu aparelho de som da CCE ela clama ao nome do seu Senhor, ocasionalmente, às lágrimas. Ela não tira o buço. O que deixa seu rosto com um aspecto engraçadinho. Essa é a crente gostosa.