sexta-feira, 26 de março de 2010

A Crente Gostosa e o Plano Mirabolante

Ela chegou ao orgasmo. Sentiu em seu corpo o tremilique do prazer. Imediatamente ela começou a chorar pelo seu pecado. Sentia o fogo do inferno e do pecado queimando suas bochechas. Sentia-se a mais miserável das criaturas quando ela lembrou do seu crente gostoso. Logo a dualidade tomou conta de sua cabeça. Inventou uma história mirabolante para não sentir o peso da culpa masturbatória: se ela se casasse com seu crente gostoso, todos os pecados estariam justificados. E assim ela ficou com essa idéia na mente: casar-se-ia com seu crente gostoso e viveria uma vida de muito sexo... tudo dentro do sagrado matrimônio.
Adormeceu pensando na sua lua-de-mel.
No dia seguinte um domingo, a Crente Gostosa acordou, tomou seu banho, passou seu óleo de amêndoas Paixão Sedução, vestiu aquela saia jeans que ela guardava só para ocasiões especiais, vestiu sua blusinha cavada nas costas e foi para o culto de domingo, convicta que poderia trocar horas de papo juntamente ao Crente Gostoso. Entretanto, no caminho da Igreja, ela passava perto de uma barraca de cigana. Olhou, pensou, pensou de novo, lembrou que magia era armadilha de satanás e por um segundo desistiu da idéia, até se lembrar que depois de seu casamento, toda a sua culpa cairia por terra e ela estaria livre dos fogos do inferno e das trombetas apocalipticas.
Puxou a cortininha amarela já comida pelas traças e adentrou o ambiente. Um cheiro ocre tomava conta do lugar. A cigana perguntou numa voz retumbante: "QUEM ESTÁ AÍ?". Foi o primeiro sinal de que só podia ser uma cilada: se a cigana podia ver o futuro, como não previu que a Crente Gostosa entraria em sua barraca?. A Crente Gostosa ignorou o sinal de trambique e respondeu com a voz tremida de clitóris "cigana, preciso de uma luz". A cigana, cega de um olho, voltou-se para a Crente Gostosa e disse "sente-se, filha. vamos ver o que aflige seu coraçãozinho".
E então começou a consulta espiritual da Crente Gostosa.

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